A pesca da tainha é um dos maiores eventos culturais do litoral Catarinense sendo uma tradição indígena que se mantem até os dias de hoje graças às famílias de pescadores e moradores do lugar. A preparação inicia em Abril, com o conserto de redes e canoas. A abertura do período acontece em Maio e consiste de uma missa acompanhada de uma celebração. Os vigias se posicionam no alto dos morros desde antes do amanhecer observando o mar e a chegada dos cardumes, avisando aos pescadores nas praias quando é o momento certo para fazer o cerco nos peixes. Cada um tem uma função, é um trabalho em equipe e para a puxada das redes é necessária a colaboração de todos, pescadores, familiares amigos e visitantes dividindo o resultado entre todos os ajudantes.
Este acontecimento na região é tão importante que foi tombado como Patrimônio Cultural e atualmente é um atrativo turístico muito procurado pelo público.
Durante este período o clima na cidade é agradável, geralmente ensolarado durante o dia, permitindo aos turistas realizar atividades e visitar os atrativos que a cidade oferece.
As tainhas partem da Lagoa dos Patos, no estado do Rio Grande do Sul, e vão até o litoral carioca em busca de águas quentes para desovar. Cerca de 70% são capturadas no litoral catarinense.
Cada rancho tem uma escala de funções, sendo ela dividas em
- Patrão: é a pessoa que expressa todo seu conhecimento da pesca. Ele que determina, que ritmiza as remadas, que ordena a velocidade necessária aos remadores. É dele a comunicação que resultará no cerco. Seu lugar é na polpa da canoa.
- Chumbereiro: sua função é jogar a rede no mar, rapidamente e, ao mesmo tempo. Tem que ser preciso e sincronizar rede e remo, para que o chumbo não enleie na rede e, tão pouco, a rede passe por cima da cortiça.
- Remeiros: são aqueles (dois, três ou quatro) que com seus braços fortes conduzem as canoas. Atentos aos comandos do patrão, seguem seguros pelo mar para fazerem o cerco. Com atenção no chumbeiro, diminuem a velocidade, se assim solicitado, para que nada possa atrapalhar a função.
- Vigia: com olhos grudados no mar, conseguem entender cada movimento da água. Quando avistam o cardume dão sinal (com um pano, camiseta, chapéu ou, como usam atualmente, com o rádio transmissor), avisando a chegada da tainha, e a correria começa.
- Camaradas: são os que ajudam a colocar a canoa na água quando o vigia dá o sinal. Também ajudam na puxada, e após, recolhem a rede e as colocam novamente na canoa.
- Redeiro: É o camarada que leva a rede ao mar, mas esta função está em desuso e os próprios remeiros é que a executam.
- Boieiro: É o camarada que pega as boias na água. Trata-se de uma função que, também, está caindo em desuso e foi incorporada pelos remeiros.
- Cozinheiro: É o responsável por preparar a alimentação de todos os camaradas. Dependendo do rancho tem mais de um. Se o rancho tiver fogão a lenha (praticamente todos possuem), normalmente o cozinheiro é proibido de ajudar no cerco, por ser perigoso, pois o corpo recebe o calor proporcionado pelo fogo e lidar com a água fria pode ocasionar males a saúde. O fato de ser inverno torna a água e o vento, ainda mais, gelados.
- Pessoal de praia: São os camaradas que trabalham ajudando a puxar a rede, são chamados de camaradas de praia.
Vale lembrar que a pesca artesanal da Tainha é uma cultura mantida a anos no nosso litoral, e tem pré-estabelecida uma cota para a captura das mesmas, não interferindo assim na biodiversidade e na reprodução da espécie.